Visto que tenho tido algumas perguntas sobre estes bichinhos vou tentar aqui deixar algumas dicas do muito que tenho lido e experimentado, que podem e devem ser completadas por todos os que assim o desejarem.
- Antes de se adquirir uma raia de água doce dever-se-á ter em atenção que são animais que crescem muito, podendo, em idade adulta, atingir 1 metro de diâmetro, dependendo da espécie. Por este motivo se devem equacionar sempre, mas sempre, aquários com uma grande superfície. Em teoria um aquário com menos de 600l não será adequado para uma raia adulta.
- Ter sempre em mente que está a adquirir um animal potencialmente perigoso pois possui um, ou mais, espigões na cauda capaz de infligir danos graves.
- Na loja, antes da aquisição de uma raia, solicitar sempre que seja dada comida à mesma e verificar se esta a come. Se o animal não comer, não o adquira, pois não está saudável. Uma raia nunca nega comida.
- Tente sempre perceber a proveniência do animal. Teoricamente, se for um animal que nasceu em cativeiro, a adaptação à sua nova casa será bem mais simples.
- A adaptação à água do novo aquário deverá ser feita muito lentamente (quanto mais lento, melhor). O PH não é muito importante. Suportam um range muito alargado podendo até chegar aos 8.
- Depois de adaptadas à nova água é simples. Comida, comida e mais comida. São animais que não dizem que não a um bom camarão. De preferência comem peixes, camarão com casca (eu costumo dar camarinha), larvas vermelhas de mosquito, artémia, minhocas e caracóis aquáticos. É possível que haja mais alguma coisa mas neste momento não me recordo. Depois de adaptadas à sua nova casa poder-se-á fazer a adaptação às tradicionais comidas caseiras e alguns tipos de granulado.
- Companheiros num aquário de raias – Há pessoas que mantêm raias com outros animais aquáticos, por norma, animais de grande porte. Dependendo, mais uma vez, do tamanho do aquário, isto pode ser feito, mas há sempre o risco destas serem importunadas pelos outros habitantes, ou vice-versa, dependendo das espécies em causa. Não se esqueça que uma raia come sempre o que lhe couber na boca.
- Por experiência própria devo alertar para o facto dos termóstatos estarem protegidos, pois queimam o corpo das raias se estas entrarem em contacto com o vidro quente.
- Decoração do aquário – Cuidado com os objectos que possam cortar ou perfurar a pele sensível das raias. Quanto ao facto do aquário ter ou não areia de fundo existem várias teorias. Julgo que o facto de existir areia pode beneficiar estes animais pois no seu meio ambiente escondem-se nela. Para além de ser um meio para a manutenção de bactérias no aquário.
- Luz – Na natureza gostam de ambientes com pouca luminosidade caçando, sobretudo, durante a noite. Portanto não necessitam de grande luminosidade. Eu tento manter sempre plantas flutuantes para fazerem sombra.
- Amónia – A amónia, como todos sabem, é letal para todos os peixes. Quanto mais elevado o PH mais tóxica se torna. As raias produzem quantidades enormes de amónia devido ao seu sistema osmoregulador que evoluiu para que estas consigam sobreviver em água doce, visto que provêm do oceano. Devido a este facto, as raias não conseguem reter a ureia como a maioria dos peixes de água doce, o que faz com que sejam muito mais sensíveis à amónia. Assim sendo quanto maior o volume de água mais fácil se torna a sua manutenção.
Por este motivo as TPA’s são um factor crucial na manutenção destes bichos. Eu costumo fazer uma TPA, dia sim, dia não, de cerca de 10% do volume do aquário.
Todas estas dicas decorrem da minha experiência e da pesquisa que tenho feito.
Espero com isto elucidar um pouco mais os futuros possuidores destes animais para que antes de os adquirirem possam saber exactamente o que estão a fazer, para que não tenham dissabores mais tarde e possam desfrutar destes magníficos animais.
Mais uma vez solicito que se tiverem mais a acrescentar, concordando ou não com o que escrevi, que o façam, para que possamos evoluir no conhecimento destas espécies pouco divulgadas.
Cumps