Viva,
O tema da consanguinidade, apesar de ser bastante interessante, parece-me ser um grande tabu na comunidade.
Se disser que 90% dos criadores, profissionais não se preocupa muito com isso, não devo estar muito longe da realidade. Alias, a consanguinidade é necessária, se quisermos apurar uma estirpe, uma cor ou um padrão. E são poucos os criadores que assumem que alguma vez tiveram problemas.
O caso das corydoras é curioso, porque não há notícias de tentativas de apuramentos de uma ou outra característica. Mesmo, as 6 ou 7 variantes de aeneus, são todas naturais. No entanto, suponho, que a taxa de consanguinidade é bastante elevada, mesmo em estado selvagem, derivado à sua natureza de viverem em grandes grupos e de terem um raio de acção relativamente reduzido.
Um caso curioso que me aconteceu à uns anos atrás, com um casal de pygmaeus, de origens bastantes distintas, foi o facto do resultado das desovas originar crias, que à medida que foram ganhando forma, foram evidenciando características de problemas, que normalmente se associam a consanguinidade. Pouco mais tarde, desisti desse casal, participei numas quantas importações e formei uns quantos casais, com as ‘misturas’ que fui fazendo. Nunca mais tive problemas…
De uma maneira geral, nas corydoras, os primeiros problemas cuja origem pode ser atribuída à consanguinidade, verificam-se logo na 3 ou 4 geração. Se bem que esses sintomas nos pequenos aquários das nossas casas, podem ser perfeitamente normais. Por isso acho que só a partir do 3º mês é que se pode começar a ter certezas.
Um dos primeiros sinais a ter em conta é a actividade do peixe e a sua coloração. Inactividade e colorações pálidas ou peixes fracos, seguido de deformações e nadares ‘esquisitos’ têm uma grande probabilidade de serem problemas de consanguinidade. Naturalmente, que estes problemas podem ter as mais variadas origens…. Nomeadamente uma variação repentina da pressão da água pode originar ‘raquitismo’… ou uma luz demasiado intensa ou perto origina uma despigmentação, ficando o peixe pálido, etc, etc… enfim, tem que se validar se as condições de crescimento que fornecemos, são minimamente adequadas.
Devido a estes factores, considero que é difícil avaliar se os problemas que temos se devem exclusivamente a problemas de consanguinidade. Um exemplo disto é uma primeira desova correr muito bem, com uma taxa de sucesso superior a 80% e uma segunda desova dos mesmos peixes exactamente nas mesmas condições ter uma taxa de sucesso inferior a 20%. Neste caso, nitidamente os peixes não têm um elevado nível de consanguinidade, mas poderíamos ser ‘enganados’ se esta segunda desova de sucesso inferior a 20% ocorresse em primeiro lugar.
No fundo, é tudo uma questão de sorte e paciência.
Cmprts,
Luis.Dias