Mollynesias podem reproduzir com espadas


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Caros amigos,

 

Com todo o respeito pela contribuição anterior do nosso colega Motar Solitário para este tópico e sem querer de forma alguma assumir que o que escrevi anteriormente ou que vou escrever a seguir é a única verdade, deixo a seguinte opinião para vossa reflexão :

 

O texto que se segue servirá para vos explicar porque é que não concordo com a opinião anterior. Serei obrigado a repetir-me em relação a algumas contribuições anteriores mas cá vai disto...

É muito raro e quase sempre acontecem verdadeiros horrores quando se dá o cruzamento entre peixes géneros diferentes mas muito aparentados, ( o que não é o caso ).

Já surgiram fotografias de cruzamentos entre Guppys ( Poecilia reticulata ) e Molinésias ( Poecilia spp ), contudo esses raros indivíduos pouco tempo duraram e foram consumidos por doenças graves e tumores.

Relativamente ao assunto que foi colocado neste tópico venho-vos confirmar outra vez que estão perante alguém que no passado tentou com todos os meios ao seu dispor produzir híbridos entre peixes ovovivíparos.

Curiosamente os híbridos que viriam mais tarde a ter lugar no meu aquário aconteceram por mero acidente quando eu já tinha abandonado essa prática há muito e procurava a todo o custo evitar esses “ acidentes “.

Hoje sou contra os cruzamentos entre quaisquer espécies de peixes por acção antrópica ( provocados pelo homem ).

Apenas nos nossos aquários domésticos e quando tal tem lugar entre variedades cultivadas não me posso insurgir se essa prática for fruto de um acontecimento acidental ou mesmo numa experiência controlada como a que sugeres, uma vez que ambas as espécies não fazem parte do nosso ecossistema e têm fracas probabilidades de sobreviverem no mesmo ( embora haja relatos de Espadas que sobrevivem todo o ano ao ar livre em Portugal ).

Agora como primeira boa notícia posso dizer que é muito fácil induzir cruzamentos entre membros de espécies diferentes mas do mesmo género e por vezes mesmo entre peixes de géneros aparentados mas diferentes dentro da sub-família Poeciliinae.

São muito populares os cruzamentos entre os Xiphophorus e de facto foram os únicos que consegui levar a bom termo na altura em que me entusiasmaram os híbridos.

Como devem saber há contudo uma alta probabilidade que as coisas corram mal.

Quando as duas espécies parentais estão demasiado próximas ou demasiado afastadas em termos genéticos, ( mesmo que pertençam ao mesmo género ), o resultado ou é nulo ou os poucos sobreviventes não chegam a passar os primeiros estádios de desenvolvimento se não apresentarem anomalias visíveis ou anomalias cromossomáticas.

Anomalias cromossómicas são geralmente classificadas como erros estruturais ou numéricos que surgem durante a divisão celular, especialmente na meiose.

Erros cromossómicos numéricos resultam na denominada aneuploidia ( número total de cromossomas que não é o normal para uma determinada espécie ).

A poliploidia acontece quando o número de cromossomas é um mútiplo do número haplóide de cromossomas que não 2 ( 23 nos seres humanos, ou seja, 46 : 2 = 23 ).

Na grande maioria dos casos, embriões poliplóides abortam espontaneamente no início da gestação dos mamíferos.

Causas da poliploidia, especialmente a triploidia, são, provavelmente nos seres humanos, a fertilização de um óvulo por mais de um espermatozóide ou a não separação de um corpo polar durante a meiose.

A monossomia ( falta de um membro de um par de cromossomas ) e a trissomia ( presença de três cromossomas em vez do par normal ) resultam tipicamente da não junção durante a meiose.

Actualmente, a genética adquire cada vez maior importância para desenvolvimento da piscicultura moderna e na indústria fazem-se cruzamentos estudados para se conseguirem peixes de muito maior produtividade.

Entre algumas espécies os híbridos sobrevivem sem problemas e não apresentam anomalias, contudo ou são todos sempre do mesmo sexo ou são estéreis ( ou até as duas coisas juntas ).

Por vezes basta um macho maduro activo que tenha estado privado de fêmeas da sua própria espécie por algum tempo ou, com um pouco de “ sorte “ juntares as duas espécies num mesmo aquário.

Para se poder conseguir apurar com rigor o resultado de qualquer produto de reprodução sexuada destes animais temos que ter uma fêmea virgem porque, caso contrário só te queria lembrar que, como já referi anteriormente, além de um parto poder dar origem a crias de diversos machos, as fêmeas destas espécies podem conservar com viabilidade por muito tempo ( depende da espécie e das condições do meio ) as células reprodutivas masculinas, ( ou por outras palavras os ditos espermatozóides ).

Os Poecilídeos são quase todos peixes ovovivíparos que têm uma forma de reprodução muito peculiar, embora com algumas variantes dentro do elevado número de espécies desta família.

Para se poder conseguir apurar com rigor o resultado de qualquer produto de reprodução sexuada destes animais temos que ter uma fêmea virgem.

Caso contrário só vos queria lembrar que além de um parto poder dar origem a crias de diversos machos, as fêmeas destas espécies podem conservar com viabilidade por muito tempo ( depende da espécie e das condições do meio ) as células reprodutivas masculinas, ( ou por outras palavras espermatozóides ).

De facto, uma fêmea pode dar origem a vários partos ( à quem tenha testemunhado pelo menos cinco ) sem necessitar da presença de um macho, desde que tenha previamente tido contactos sexuais ( cópulas com sucesso ).

Só para terminar queria ainda informar-vos que os machos não se limitam a introduzir dentro do corpo da fêmea esperma livre ( como acontece com os mamíferos ), mas sim aglomerados muito idênticos aos de certas espécies de insectos, embora diferentes dos espermatóforos.

Esses aglomerados tem formas distintas e para além da fisionomia do gonopodio são um modo infalível de classificação.

Esse facto é muito limitativo na fertilização entre espécies diferentes.

  • Obrigado(a) 1

Com as minhas melhores saudações

 

Miguel Andrade

 

http://www.viviparos.com

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  • 2 semanas depois...

Caros amigos,

 

É característico de alguns ovovivíparos esse comportamento que tem sido considerado como “ tara “ por vós.

Trata-se de um mecanismo de sobrevivência estudado que está na origem da diversidade de espécies dentro de alguns géneros.

Na realidade entre algumas espécies da sub-família Poeciliinae assistimos a uma alta actividade sexual por parte dos machos que se pode muitas vezes manifestar em tentativas de acasalamento com outras espécies.

Numa certa e determinada estirpe de Limias Tigre ( Limia nigrofasciata ) que possuo, quando o número de machos é superior a um por cada três fêmeas gera-se, acima dos 23ºC, um comportamento obsessivo de cópula que leva os machos a tornarem-se agressivos entre si e a procurarem literalmente todos os peixes disponíveis no aquário da sua espécie e das restantes ( sem excepção... nem os ovíparos escapam ).

Se a proporção de machos e fêmeas for igual podem ocorrer maus tratos graves à fêmeas e se o número de machos for superior as fêmeas passam muito mal e chegou-me a morrer no ano passado um macho com ferimentos provocados por combates com outro rival.

Os machos mais aguerridos e activos exibem sempre muitos “ estragos corporais “ quando o número de fêmeas no aquário é francamente inferior.

Acima de 28ºC e abaixo de 23ºC esse comportamento refreia-se ou desaparece. Nessa altura os machos raramente procuram copular com outras espécies e quando o fazem acertam sempre só com as fêmeas de espécies o mais aparentadas possíveis.

Noutra população da mesma espécie não era tão fácil de observar este comportamento.

Com as minhas melhores saudações

 

Miguel Andrade

 

http://www.viviparos.com

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