[Artigo]Manutenção de plantas aquáticas - Parte I:Nutrientes


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Manutenção de plantas aquáticas

 

Parte I - Nutrientes

 

Toda a gente já ouviu falar em nutrientes como o “ alimento” das plantas, quer aquáticas, quer terrestres. No entanto, muito do insucesso que as pessoas têm com plantas aquáticas são, entre outros igualmente importantes, devido à carência ou excesso de nutrientes nas plantas.

 

Que nutrientes existem e quais os mais importantes para as plantas?

Comecemos por identificar os nutrientes à disposição das plantas aquáticas, de que maneira são úteis às plantas e quais os mais absorvidos no dia-a-dia.

 

Macronutrientes: são os nutrientes em maior abundância no aquário plantado comparativamente com os micronutrientes, visto serem provenientes dos excrementos dos peixes, da comida dos peixes e de matéria em decomposição. São também e principalmente os nutrientes que são usados em maior quantidade pelas plantas. Os macronutrientes são: Azoto ( N), Fósforo ( P), Potássio ( K) – Macronutrientes Primários; Cálcio ( Ca) e Magnésio ( Mg) – Macronutrientes Secundários

 

Micronutrientes ou elementos traço: são nutrientes que são usados em menor quantidade pelas plantas e são repostos pela comida dos peixes e pelas trocas de água ( TPAs). Os micronutrientes são: Ferro ( Fe), Manganês ( Mn), Cobre ( Cu), Zinco ( Zn), Boro ( B) e Molibdénio ( Mo)

 

Macronutrientes Primários:

 

- Azoto ( N): é aproveitado pelos tecidos das plantas sob a forma de Amónia ( NH3) ou sob a forma de Nitratos ( NO3) - através das bactérias nitrificantes que constituem o “ Ciclo do Azoto” ou através da quebra de amónia em nitritos e posteriormente em nitratos pela própria planta. Ao nível celular fornecem proteínas e amino-ácidos promovendo assim o crescimento celular e, consequentemente, o desenvolvimento saudável da planta. A observação deste nutriente na planta deve ser dirigida às folhas mais velhas.

 

Carência: toda a planta fica verde-amarelada e as folhas velhas ficam mais amareladas que as folhas novas. Isto deve-se ao facto de que é um nutriente móvel e, ao haver falta deste nutriente na planta, esta desloca-o para as folhas mais novas de modo a garantir a sobrevivência do novo crescimento. As folhas mais velhas não morrem, a não ser em casos extremos.

 

Ex:

 

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Excesso: as folhas velhas adquirem um verde escuro. Não são conhecidos efeitos nocivos de excesso de azoto nas plantas aquáticas.

 

 

- Fósforo ( P): é aproveitado pelos tecidos das plantas sob a forma de Fosfatos ( PO4). Ao nível celular fornecem ácidos nucleicos, energia e promovem o crescimento radicular. A observação deste nutriente na planta deve ser dirigida às folhas mais velhas. Está relacionado com o azoto e a absorção de fósforo depende da quantidade de azoto disponível na planta.

 

Carência: as folhas velhas podem adquirir coloração púrpura ( deve-se à acumulação da antocianina que é um pigmento roxo-azulado que protege as plantas contra a luz UV) ou verde escura. A planta perde as folhas velhas prematuramente, o crescimento fica atrofiado e há um atraso no desenvolvimento da planta.

 

Ex:

 

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Excesso: pode causar dificuldade na assimilação de micronutrientes por parte das plantas, particularmente do ferro ou zinco.

 

 

- Potássio ( K): é o segundo macronutriente, a seguir ao azoto, que está presente em maior quantidade nos tecidos das plantas saudáveis. Ao nível celular é um poderoso catalizador das reacções químicas e um transportador de iões. Promove o crescimento da planta. É um nutriente muito importante pois é dele que depende a absorção do azoto pela planta. A observação deste nutriente na planta deve ser dirigida às folhas mais velhas.

 

Carência: zonas bem limitadas das folhas de coloração amarela, bordos das folhas amarelos e, em casos extremos, nessas mesmas zonas, pode evoluir para buracos de contornos amarelos ( daí muita gente pensar que este ou aquele animal andou a comer as folhas das plantas) e pontas das folhas “ roídas”. O crescimento da planta fica comprometido visto não haver potássio que contribua para a absorção de azoto.

 

Ex:

 

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Exceso: pode dificultar a assimilação de magnésio ou cálcio, embora só mesmo estando em grandes quantidades na água, o que é raro.

Macronutrientes Secundários:

 

- Magnésio ( Mg): faz parte dos pigmentos de clorofila e é um activador de enzimas. É responsável pela assimilação do ferro ( Fe) por parte da planta. A observação deste nutriente deve ser feita nas folhas mais velhas.

 

Carência: o crescimento da planta fica comprometido com os meristemas apicais ( ápices das plantas) a caírem prematuramente. Dá-se um amarelecimento das folhas velhas que começa nas extremidades das folhas e progride para o centro. A nervura principal da folha pode permanecer verde enquanto as nervuras secundárias ficam amarelas ou esbranquiçadas e morrem.

 

Ex:

 

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Excesso: as altas concentrações são toleradas pela planta; contudo um desiquilíbrio com o cálcio ( Ca) e potássio ( K) pode reduzir o crescimento.

 

- Cálcio ( Ca): é um importante constituinte da parede celular e da membrana plasmática das células. A observação deste nutriente é feita nas folhas novas ( novo crescimento).

 

Carência: crescimento reduzido ou morte dos meristemas apicais - leve deficiência leva a que as folhas novas fiquem ligeiramente engelhadas e pequenas. Os tecidos vegetais das folhas ficam reduzidos com a nervura principal a persistir. As folhas ficam em forma de cúpula ou cálice, em vez de lisas ou direitas; deficiência moderada leva a súbitas torcidas das folhas que é agora muito mais reduzida em tamanho. As raízes estão igualmente torcidas e reduzidas, podendo os meristemas radiculares morrer; deficiência acentuada resulta num novo crescimento completamente branco e os meristemas apicais são muito reduzidos. Quer os meristemas apicais ou radiculares morrem.

 

Ex:

 

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Excesso: pode levar à má assimilação da planta de magnésio ( Mg) ou potássio( K).

 

Elementos traço ou Micronutrientes:

( vou apenas falar do ferro ( Fe) que é, quanto a mim, o mais relevante e o que se encontra normalmente em falta)

 

- Ferro ( Fe): responsável pela síntese de clorofila. Deve ser observado no novo crescimento ( folhas novas).

 

Carência: clorofila reduzida no novo crescimento e isso traduz-se em folhas e caules da mesma coloração que normalmente é amarelo e progride para pálido em casos mais acentuados. As nervuras permanecem verdes em carências leves e tornam-se pálidas em carências acentuadas, levando à sua morte e queda prematura das folhas.

 

Excesso: clorose em forma de manchas nas folhas novas.

 

Ver artigo: “ Parte II - Consumo de nutrientes e fertilização” para continuação e complemento ( em construção)

 

Para discussão sobre este tema ( dúvidas, ideias, correcções, etc), por favor façam-no aqui.

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