Dither-fish ou Target-fish: Peixes alvo
É comum, quando o aquariofilista compra o seu bonito casalinho de ciclídeos anões, não poder apreciar na totalidade a beleza dos mesmos por andarem sempre escondidos, na parte traseira do aquário ou refugiados entre plantas e outros elementos pertencentes ao aquário. Chega até a ser grave quando eles se refugiam em planos do aquário ao qual não pertencem, onde não é o seu meio- á superficie da água- e onde não conseguem alimentar-se devidamente, nem ter comportamentos naturais. Tais comportamentos podem ser causados por má aclimatização, stress, má estruturação do interior do aquário, isto se o problema não estiver na quimica da água. Além do mais, os peixes (até os de cativeiro) preservam o seu instinto natural de se refugiarem quando se sentem ameaçados, quer por peixes maiores quer por nós, que estamos constantemente a interferir com o seu habitat, quer seja com adição de novas plantas, alimentação, limpeza, etc..
É essencial para todos os ciclideos anões haverem refugios em forma de cavernas ou tocas escuras e fechadas, com apenas uma pequena abertura para entrada. Há também a possibilidade de um aquário reunir todas as caracteristicas necessarias para estes peixes, e ainda assim estes terem um comportamento anormal. Pelo menos é o que o aquariofilista que não tem este conhecimento pode pensar!
Nos seus habitats naturais, um dos indicadores que os peixes no geral utilizam para 'medir' o perigo é a movimentação dos peixes de cardume, presas naturais de outros peixes maiores. Quando estes apresentam um comportamento de fuga, os ciclideos anões, neste caso, rápidamente se dirigem para o fundo e se escondem entre o leito de folhas mortas e matéria organica em decomposição. Num aquário, é mais complicado de fazer esta avaliação do perigo que que ocorre na Natureza, mas à semelhança desta, é através de alguns comportamentos de outros peixes que certos peixes avaliam a sua segurança.
É ai que os dither fish desempenham o seu papel. Pertencendo geralmente à família dos Caracídeos (Characidae), os também chamados 'tetras' são os peixes de eleição para desempenharem a função de dither fish, assim como os dânios e os barbos. Ocupam o plano médio/alto do aquário, e não interferem com o plano dos ciclídeos anões, o plano inferior do aquário.
Para além da caracteristica acima referida- serem peixes de cardume- os dither fish teem outras características que os tornam os ideais para este trabalho:
-Não são maiores que os peixes que estão a ajudar a ambientar, mas são grandes o suficiente para não virarem alimento vivo;
-Não são agressivos, logo não stressam os peixes mal ambientados;
-Não tem um apetite muito voraz que faça com que roubem a comida aos peixes mal ambientados;
-São excelentes para dispersar a agressividade entre o casal de ciclideos na altura das posturas.
Importante: É recomendado que os dither fish ocorram na Natureza no mesmo habitat dos peixes que estão a ajudar, devido aos parâmetros, e em casos de peixes selvagens, por questões de natureza do peixe, reconhecimento da espécie e comportamentos alarmantes.
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Alguns exemplos de bons dither fish são:
Poecilocharax weitzmanni;
Fonte
Paracheirodon axelrodi;
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Paracheirodon innesi;
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Paracheirodon simulans;
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Hemigrammus rhodostomus;
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Brachydanio rerio;
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A quantidade de peixes necessários para transmitir segurança ao peixe inseguro varia consoante o tamanho do aquário. É importante não serem muito poucos, ou os dither fish precisarão de uns dither fish para eles próprios! Segundo experiência pessoal, 15 Paracheirodon simulans funcionam perfeitamente na tarefa de transmitir segurança a um casal de Apistogramma Baenschi, num aquário de 60L, embora num aquário com esta capacidade cerca de 10 sejam suficientes.
Os dither fish são excelentes para muitos efeitos, mas não devem ser utilizados apenas como saco de pancada dos ciclídeos. Para melhor ambientação ao aquário é indispensável uma boa qualidade da água, com os parâmetros indicados para a espécie mantida, muitos esconderijos, alimentação equilibrada, esse é o verdadeiro 'truque' para manter saudáveis ciclídeos anões.
Escrito por Daniel Almeida
N.P.C.A.: Núcleo Português de Ciclídeos Anões.