Medaka Japonês (Oryzias latipes)


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Boas,

 

Aproveitando a oportunidade e o interesse que a recente aquisição de dois exemplares desta espécie, bem como o interesse e as questões que me foram surgindo no contexto de um tópico aqui no fórum (ver em:

http://www.aquariofilia.net/forum/viewtopi...pic.php?t=45847 ), fiz esta tentativa de elaboração de um ficha sobre a espécie que é, supreendentemente, mal conhecida e pobre em informação disponível na net (num contexto aquariófilo), razão pela qual toda a informação e experiência que possam partilhar sobre a espécie é muito bem vinda!

Agradeço desde já qualquer colaboração, bem como aos membros Ricardo Gomes e Paulo José que já me disponibilizaram alguma informação! :)

 

Medaka Japonês (Oryzias latipes)

Temminck & Schlegel, 1846

 

Nihonmedaka.jpg

Um exemplar macho de Medaka Japonês.

 

Ordem: Beloniformes.

 

Família: Adrianicthyidae.

 

Subfamília: Oryziinae.

 

Sinónimos: Poecilia latipes, Aplocheilus latipes.

 

Sinónimos comuns: Medaka, Peixe-do-arroz Japonês, e em inglês: Japanese medaka, Japanese ricefish.

 

Origem: No Japão mas também na China, Formosa, Coreia e Vietname.

 

Habitat natural: Rios de águas lentas e arrozais, cursos de água subtropicais.

 

Descrição: São peixes esguios e comprimidos lateralmente, a sua coloração em estado selvagem é de um cinzento-prateado, sendo nas variedades de aquários ou branca ou amarela – as duas principais variedades obtidas por reprodução selectiva. A barbatana dorsal ocupa uma posição marcadamente posterior, próxima do pedúnculo caudal; a barbatana anal é mais extensa do que é normal, por comparação com a dorsal que tem uma dimensão menor do que esta.

 

Comprimento máximo: 4 cm.

 

Dimorfismo sexual: As fêmeas são geralmente mais “cheias” do que os machos (sendo está a única diferenciação fiável) e estes têm as barbatanas dorsal, peitoral e anal mais desenvolvidas. Outro sinal distintivo poderá a presença de uma abertura separando os raios da barbatana dorsal, na sua zona inferior, nos machos.

 

medaka_dimorfismo.jpg

Gráfico em Japonês assinalando as características dimorfas.

 

Esperança de vida: Pelo menos 3 anos confirma-se.

 

Temperatura: 18 a 24 °C, na natureza podem suportar durante breves períodos temperaturas extremas que se encontram numa amplitude entre os 5 e os 35 °C.

 

pH: Neutro a ligeiramente alcalino, 7 – 8.

 

Dureza da água: Ligeiramente dura a dura, 9 – 19 °dGH.

 

Dieta: São omnívoros e a sua dieta pode ser constituída por flocos (para peixes de água fria ou tropicais), zooplâncton, granulado, dáfnias e náuplios de artémia. Os Medakas alimentam-se à superfície do aquário podendo, no entanto, procurar comida no fundo do aquário.

 

Hora de actividade: São diurnos.

 

Aquário: Dadas as pequenas dimensões que a espécie atinge não será necessário um aquário muito grande, por outro lado, tendo em conta que são um peixe de grupo em que é conveniente existirem pelo menos 5 indivíduos no aquário, este deverá ter no mínimo 20 litros de capacidade. O aquário deve ter bastante vegetação em “arbusto” próxima da superfície que proporcione um suporte adequado para a desova. O aquário pode não ter aquecimento, visto esta espécie ser originária de águas temperadas e não tropicais – pelo mesmo motivo pode ter como companheiros de aquário outras espécies de águas temperadas e não-agressivas como: Tanichtys albonubes, Beaufortia leverettii ou mesmo Carassius auratus (até dimensões médias não existe risco algum), por exemplo. Podem viver durante os períodos menos frios do ano em lagos exteriores.

 

Zonas do aquário: Meio, no entanto podem-se vir alimentar-se à superfície e ao fundo.

 

Sociabilidade: São peixes pacíficos que, não sendo de cardume, gostam de viver em grupo; dão-se bem com todo o tipo de peixes desde que estes não sejam agressivos, pois não se defendem a si mesmos.

Variedades: As duas principais variedades “naturais” são a branca e a xântica (amarela), ambas obtidas por reprodução selectiva. Existem também, infelizmente, variedades que não são naturais, ou transgénicas – sendo estas fluorescentes e capazes de brilharem no escuro, através da adição de material genético de Medusas e comercializadas pela empresa de produtos de aquariofilia Azoo. A mais conhecida é a TK-1 “Golden Night Pearl” que emite uma cor amarela-esverdeada, existem também as variedades TK-3 e TK-4, entre outras, sendo as mencionadas de pigmentação azul e de fuchsina (avermelhada) respectivamente. Os criadores destas variedades transgénicas afirmam que as mesmas são estéreis. Para mais informação ver em: http://www.gio.gov.tw/info/nation/fr/fcr97...005/04/p20.html .

 

pinkfish.jpg

Espécimes de uma variedade fluorescente.

 

hime2.jpg

Um espécime da variedade dourada.

 

Reprodução: São ovíparos de fertilização externa (havendo no entanto relatos da possibilidade de fertilização interna, ver em: http://www.fbas.co.uk/Ricefish.html ). Têm tendência a reproduzirem-se durante a Primavera, apesar de serem não-anuais. O processo é despoletado através da temperatura que deve ser ajustada para perto dos 25°C e o período de luz deve ser aumentado de modo a simular a extensão dos dias durante a Primavera. Durante o processo reprodutivo a fêmea ganha um aspecto que pode ser tão inchado como aquilo que é comum observar nos vivíparos, de seguida manterá os ovos fixados em cacho (cada um pode conter entre 10 e 20 ovos e estão pendurados e ligados entre si por um pequeno filamento opaco) entre o abdómen e a barbatana anal durante algumas horas, período em que o macho os fertiliza, depositando-os posteriormente em plantas de folhas preferencialmente finas ou num mop, onde se roça para desprendê-los. Este procedimento tem uma maior probabilidade de ser observado pela manhã que é o período preferido pelos machos para levarem a cabo a fertilização. Uma fêmea pode produzir ovos todos os dias durante um período de várias semanas.

Os ovos têm um tamanho entre 1 e 1.5 mm e são transparentes e demoram entre 1 e 3 semanas a eclodir, dependendo isso de vários factores como as características da água e a sua temperatura. Estes após a postura podem ser, à semelhança do que acontece com os killis, ser transferidos para um aquário próprio onde irão eclodir, durante o período de incubação é de especial importância a boa qualidade da água.

Os alevins são fáceis de criar e podem ser alimentados com comidas comerciais para alevins.

 

Oryziaslatipesfemalewitheggs.jpg

Uma fêmea com ovos apresentado um aspecto inchado.

 

Comportamento: É um peixe pouco problemático e robusto que gosta de viver em grupos com a sua espécie dando-se também bem em aquários comunitários com espécies pacíficas e de dimensões que não sejam demasiado grandes. São peixes extremamente pacíficos.

 

História e curiosidades: São representantes do genéro Oryzias, o único existente na subfamília Oryziinae. É um peixe muito extensivamente utilizados para estudos científicos na área da genética e dos carcinógenos – será um dos poucos peixes mais conhecidos por cientistas do que por aquariófilos. A esta apetência pela sua utilização enquanto objecto de estudos científicos não será alheio o facto de ser um peixe bastante resistente que vive muitas vezes em águas com elevado grau de poluição; outra das suas características, a pigmentação uniforme e clara que tem na sua forma selvagem levou a que fosse seleccionado para o infeliz projecto de produção de peixes fluorescentes já mencionado acima.

É, felizmente, um animal muito apreciado pelo povo japonês, especialmente as crianças, pelo seu carácter e aspecto simpático – sendo mesmo organizadas excursões escolares para observação e recolha de exemplares nos seus habitats naturais.

Cumprimentos,

 

David de Jesus

 

http://peixedourado.blogspot.com/

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pegaste-me o vicio :lol:

 

agora também fiz um aquario de água fria...

 

90 litros de agua fria... tinha lá uns neons mas mudei-os...

 

o ciclo tava feito e tudo.. foi só comprar...

 

comprei 8..

 

e por estranho que pareça... eles não andam em cardume.. mas na loja andavam... isto porque estavam juntamento com bettas femeas.. (mania de meter estes peixes em águas frias :wink: )

 

pode ser que compre alguma outra espécie para eles.. talvez um limpa vidros... ou uns danios... quem sabe..

http://s8.bitefight.com.pt/c.php?uid=30563 Ao clicar, está a ajudar.
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Boas,

 

Ainda vamos iniciar uma nova "escola" em aquariofilia!! :shock:

Quando puderes mete aí umas fotos!

Eu pra fazerem companhia aos Medakas aconselho os Tanichtys albonubes, fazem um cardume espectacular e os requerimentos são os mesmos que os Medakas.

 

P.S. - Entretanto já descobri que os que tenho são um casal, agora a ver se se multiplicam... :lol:

Cumprimentos,

 

David de Jesus

 

http://peixedourado.blogspot.com/

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  • 2 semanas depois...

os meus medakas já deram à luz :wink:

 

mas não vi nenhuma femea com ovos atras... apenas vi uns tracinhos a fugirem de um adulto... aproximei-me eram fotocopias dos pais mas muito mais pequenas...

 

pelo que o dono de uma loja me disse quando se ve as femeas com os cachs podemos meter numa maternidade... eu respondi a minha...

 

nos rios há maternidades? ele calou-se...

 

nada como musgo de java... e riccia... :)

http://s8.bitefight.com.pt/c.php?uid=30563 Ao clicar, está a ajudar.
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  • 4 semanas depois...

Boas,

 

Os meus custaram mas também já andaram a por ovos todos os dias durante a última semana, também tenho estado a utilizar o Musgo de Java, e a mudar os ovos pra um aqua de criação só pra eles. Ando a tirar uns 10 ovos por dia, uma percentagem muito pequena apanhou fungos mas nos mais antigos já se começa a distinguir o alevim em forma embrionária! Agora ando é "em pulgas" pra ver os ovos eclodirem e criar os alevins! :lol:

 

Estou cada vez mais apanhado por estes benditos peixinhos e pelos setups de "água fria" - a muito breve prazo vou-lhes arranjar uma casita maior juntamente com os Tanichtys (e os Red Cherrys que se estão a dar que é uma maravilha no aqua dos Medakas) e um duozito de Beafortias; e gostava mesmo de tentar um Gyrinocheilus aymonieri, mas acho que tão cedo não vou ter possibilidades de arranjar um aqua grande o suficiente para ter um... enfim, entretanto vou continuar as pesquisas para bicharada de água fria desta região que de para manter num aquário de tamanho médio. :twisted: Gostava mesmo que esta ideia dos setups de água fria que não se limitam aos Carassius auratus se fosse desenvolvendo e que o pessoal fosse fazendo uns aquas cada vez mais interessantes! :D

 

Já agora, alguém tem conhecimento de o Misgurnus anguillicaudatus ser comercializado em Portugal e onde?

Cumprimentos,

 

David de Jesus

 

http://peixedourado.blogspot.com/

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