Mini Formação SLR


Recommended Posts

Olá comunidade!

 

Entrei recentemente no universo dos aquários, mas já levo alguns anos de fotografia e edição de vídeo broadcast, e para retribuir o que aprendo convosco sobre vida aquática, gostaria de partilhar o que posso oferecer em troca.

Dei uma vista de olhos aqui pelos tópicos e percebi que existem muitas dúvidas relativamente à fotografia em geral e gostaria de contribuir para o esclarecimento de algumas dessas questões. Espero que este post sirva de "User Manual" onde se podem colocar dúvidas e respostas!

Irei centrar-me no digital, e não vou abordar a história da fotografia, nem confrontar o digital com a película, mas sempre que se justificar farei paralelismo com técnicas usadas com película, que na realidade se utilizam também nos modelos digitais. Dada a sua popularidade, pontualmente irei recorrer a termos utilizados pela Canon ou pela Nikon, não querendo isto dizer que não há mundo para lá destas duas marcas! Tentarei ser objectivo e responder às questões que aqui forem colocadas, e serão sempre bem vindas respostas de quem por aqui passa!

 

Câmara SLR Vs Câmara Compacta

Uma câmara SLR (Single Lens Reflex) possui duas partes distintas, um corpo e uma lente enquanto que a câmara compacta é um equipamento único.

Grande vantagem de uma câmara SLR, a mudança de lentes. Numa câmara compacta não é possível mudar a lente, mas em alguns modelos existe a possibilidade de adaptar uma outra lente, ou um conversor. A máquina compacta é mais portátil, mais simples de utilizar mas também mais limitada. Os modelos SLR são por definição as máquinas preferidas para dar asas à criatividade no universo fotográfico. Com sensores normalmente maiores que as câmaras compactas, as SLR reproduzem imagens com qualidade muito próxima da película e em alguns casos quase imperceptível nas diferenças. Escolher entre uma máquina compacta e uma SLR é uma opção pessoal e deve ser tomada tendo em conta o tipo de utilização que se pretende.

 

Corpo e Lentes

A maior vantagem de uma SLR é sem dúvida a versatilidade promovida pela mudança de lentes, seguidamente designadas por objectivas. Um Conjunto SLR é composto por duas partes, o corpo (toda a parte mecânica e electrónica de processamento da imagem) e a objectiva (o olho da máquina). É no corpo que se encontram grande parte dos controlos de uma SLR, modos de disparo, aberturas, tempos, balanços de brancos, gestão de fotos...etc, contudo é na lente que existem duas das funções mais importantes numa máquina, o foco para imagens nítidas...ou não, e o diafragma.

 

Objectivas

Uma objectiva é um conjunto de lentes (elementos) alinhadas entre si, e é classificada como fixa, zoom, macro ou de correcção de distorção/perspectiva. Cada marca fabrica as suas próprias objectivas e não é possível utilizar objectivas por exemplo da Nikon numa Canon e vice-versa ainda que possam existir adaptadores, a compatibilidade não é garantida. Contudo há marcas que fabricam lentes compatíveis com os principais fabricantes de máquinas.

Falando das mais comuns, uma objectiva fixa (35mm, 50mm, 100mm - Valores de objectivas para película-35mm, full frame) como o próprio nome indica não permite nem abrir, nem fechar o ângulo de enquadramento, é fixa, o que significa que para enquadrar mais elementos numa imagem é necessário recuar fisicamente a máquina, assim com para aproximar. Já uma objectiva zoom permite vários enquadramentos sem ser necessário movimentar fisicamente a máquina pois cobre uma determinada gama de distâncias (24-105mm, 75-300mm - Valores de objectivas para película). As objectivas macro destinam-se a fotografia macro (pormenores muito próximos que requerem uma distância mínima entre a lente e o assunto a fotografar - bastante útil para quem pretende fotografar a vida do aquário).

Dentro das objectivas fixas e dos Zoom, existem ainda outras definições como grande angular (16mm, 18mm, 20mm - Valores de objectivas para película), Tele-objectiva (70 mm, 100mm, 300mm - Valores de objectivas para película) ou Super Tele (500mm, 800mm.... - Valores de objectivas para película). Uma objectiva grande angular ou "olho de Peixe" permite um ângulo de enquadramento muito aberto, ou seja permite enquadrar muitos elementos no famoso quadradinho da película (35mm) ou no sensor CMOS (full frame ou APS-C), provocando uma distorção muito característica destas lentes, do centro para o exterior da imagem em objectos mais próximos. Uma objectiva tele ou super tele pelo contrário, tem um ângulo bem mais fechado mas consegue captar pormenores a grandes distâncias. Quase todas as objectivas zoom permitem fotografar em modo macro ainda que com uma maior distância focal.

 

Anel de Foco:

É o anel da objectiva que permite focar ou desfocar o assunto a fotografar. Nas objectivas profissionais e semi-profissionais, estes anéis têm uma escala em metros (Mts) ou Pés (Ft) que indicam a distância aprox. ao objecto focado.

 

Anel de Zoom:

Permite aproximar ou afastar elementos no enquadramento, resultado da variação do ângulo provocado pela distância entre as várias lentes da objectiva.

 

Estabilizador óptico de Imagem (IS):

Permite reduzir significativamente a vibração natural do corpo ao segurar a máquina ou provocada por elementos exteriores, como o vento. Muito útil nas lentes Zoom e Tele. Atenção que um estabilizador digital, embora anuncie o mesmo propósito, não é tão eficiente, uma vez que se limita a processar a imagem captada. O estabilizador óptico provoca uma "flutuação" entre as várias lentes de uma objectiva corrigindo a convergência entre elas, originando assim uma imagem quase perfeita e sem ruído (característico nos estabilizadores digitais).

 

AF/MF:

Auto-Focus e Manual Focus onde Foco manual é controlado pelo fotógrafo e foco automático controlado pela câmara. A distância de foco é medida a partir do plano focal até ao objecto focado. O plano focal está assinalado no corpo da câmara pela figura de um círculo com um eixo na horizontal, perto do viewfinder e do flash (nos modelos que têm flash incorporado).

Em modo automático a câmara analisa a imagem e usa as zonas de maior brilho para definir a sua posição de foco. Em modo automático, na incapacidade de atingir o ponto de foco por falta de iluminação, a câmara utiliza ou o flash ou uma iluminação própria para o efeito (normalmente laranja ou branca).

 

Diafragma:

Este elemento no interior da lente, equivale à íris no olho humano. Permite regular a intensidade de luz que entra através da objectiva e consequentemente altera a profundidade de campo.

 

Valores f stop (Exemplo: f5.6, f4.0, f2.0):

Um dos valores mais importantes de uma objectiva e o que provavelmente condiciona mais o seu valor comercial.

Não entrando em detalhes muito técnicos, o valor f, representa a luminosidade de uma objectiva, a sua necessidade de luz para fotografar. Tomando como exemplo uma objectiva zoom 24-105mm em que a inscrição na lente indica f4.0/5.6 temos que, no máximo da abertura do ângulo, 24mm, a abertura máxima do diafragma é f4.0, e que quando totalmente fechado o ângulo a 105mm, a abertura máxima do diafragma já será f5.6, logo menos luminosa. Se o mesmo zoom só indicar f4.0 significa que em todo o seu percurso é possível manter a mesma abertura máxima de diafragma.

Quanto menor for o valor f, mais luminosa é a objectiva (mais luz entra) e ao subir na escala de f, menos luminosa se torna. Valores comuns são 4.0 e 5.6, valores desejáveis, 1.0 ou mesmo 2.0.

O valor máximo de fecho de diafragma de uma objectiva, é variável de objectiva para objectiva, mas normalmente ronda o f22.

Uma objectiva 24-105mm com f4.0 constante é uma objectiva bastante versátil e que cobre a maior parte das necessidades de um fotógrafo, diria que é uma objectiva de "uso diário". Quanto mais luminosa for a objectiva, geralmente mais cara se torna.

A abertura do diafragma influência também a profundidade de campo.

 

Profundidade de campo:

Jogar com a profundidade de campo pode tornar uma imagem "plana" ou acrescentar uma sensação de profundidade.

O conceito não é complicado de entender.

Profundidade de campo é tudo o que está focado aquém e além do motivo pretendido, ou seja, se tivermos três pessoas (A, B e C) colocadas umas atrás das outras, e a intenção é focar a pessoa do meio (B) a profundidade de campo será tudo o que, mantendo B focado, está focado entre (B e A) e (B e C).

A profundidade de campo é directamente influenciada pela abertura do diafragma. Uma abertura de diafragma f4.0 permite maior entrada de luz na máquina mas representa uma profundidade de campo muito curta sendo o inverso proporcional.

Imagens em que num rosto um olho está focado e tudo o resto desfocado... profundidade de campo muito curta.

Fazendo uma analogia... Imaginemos uma mangueira. Se abrirmos a torneira, saí uma quantidade de água que descreve um arco que se projecta a uma determinada distância (profundidade de campo 5.6), mas se apertarmos a ponta da mangueira, a mesma quantidade de água descreve um arco maior, atingindo uma maior distância (profundidade de campo 22). Fácil! Quanto maior o valor f, mais fechado está o diafragma, menos luz entra mas mais elementos estarão focados na imagem. Quanto menor o valor de f mais aberto estará o diafragma, mais luz entrará e menos elementos estarão focados, sempre além e aquém do nosso ponto de foco escolhido.

 

Corpo SLR

Existem várias marcas de máquinas no mercado, algumas mais recentes, outras bem estabelecidas neste campo, mas a essência é a mesma para todos os fabricantes.

É no corpo da câmara que se fazem todos os ajustes relacionados com a entrada de luz para sensibilizar a película, substituída hoje em dia pelos sensores electrónicos CMOS. Velocidade de obturação, abertura do diafragma (em máquinas antigas a abertura era regulada directamente na objectiva), balanço de brancos, modo de medição, são algumas das funções que vou abordar.

Com o aparecimento do digital surgiram também máquinas produzidas por marcas que nunca se tinham aventurado no universo da fotografia, como a LG, a Sony (que herdou o know-how da Minolta), Panasonic, Samsung, entre outras, o que veio também revolucionar a forma como o utilizador interage com a máquina, pois a diversificação de fabricantes origina uma grande variedade de UI "user interfaces" na conquista por um melhor resultado comercial. Como cada marca tem o seu "GUI" Graphic user interface, os seus menus, vou abordar apenas funções básicas e intrínsecas a todos os fabricantes e presentes em todos os modelos SLR.

 

Significado SLR

SLR é a sigla de Single-Lens Reflex e contrariamente às máquinas compactas, onde o enquadramento é feito olhando por um "quadradinho" ao lado da lente - Viewfinder - provocando algumas discrepâncias entre o que se vê e o resultado da fotografia, numa câmara SLR a imagem enquadrada é exactamente a mesma imagem que a câmara irá fotografar, uma vez que o que vemos entra através da lente e não por um dispositivo colocado em paralelo com esta, logo este sistema representa uma grande vantagem.

Com a introdução do digital, as câmaras compactas foram progressivamente prescindindo do viewfinder e tomando cada vez mais partido do ecrã LCD incorporado, para este efeito, daí já quase não se fazer o famoso gesto de encostar a câmara ao olho para tirar uma fotografia!

O sistema SLR é composto por um espelho que dentro do corpo da câmara (possível de ver ao retirar a lente do corpo) projecta a imagem para um prisma que reproduz também informações de programação e leitura da exposição, colocado do topo do corpo pelo qual se "espreita"- Viewfinder. Assim, ao fotografar, a máquina levanta o espelho e abre o obturador para permitir que a luz que entra pela lente passe para o sensor, ficando o viewfinder nesta fracção de tempo tapado para impedir que qualquer luz que possa entrar pelo viewfinder interfira com a luz que entra pela lente e prejudique a fotografia.

 

 

Película/CCD/CMOS

Fotografar é tecnicamente algo tão simples como, sensibilizar determinado material pela incidência de luz e no universo digital o "material" sensibilizável é um componente electrónico semicondutor denominado de CMOS (complementary metal-oxide-semicondutor).

Nas primeiras câmaras fotográficas digitais eram utilizados sensores CCD (charge-coupled device) uma derivação da tecnologia utilizada nas câmaras de vídeo, mas dadas algumas condicionantes técnicas e comerciais, como o elevado consumo de energia e os elevados custos de produção, estes sensores foram progressivamente substituídos pelos actuais CMOS.

Os avanços tecnológicos têm permitido resultados impressionantes e cada vez mais próximos dos obtidos com a utilização de película (filme fotográfico), mas a pouca, e ainda crescente, latitude de um sensor electrónico torna lenta a mudança massiva de sistemas quer na fotografia quer no cinema.

Na maioria das máquinas fotográficas SLR disponibilizadas para o mercado consumer e mesmo prosumer, o sensor CMOS tem o formato APS-C o que significa ser menor que um frame de película (36x24mm) designada por Full-Frame. Temos assim dois formatos, o Full-Frame e o APS-C.

Enquanto que na película o processo é químico, sendo possível controlar resultados cromáticos quer pelo tipo de película utilizada, quer pelo processo de revelação, no digital o processo é unicamente electrónico, sendo o resultado condicionado pela latitude de resposta do sensor e do processador de imagem ao espectro a que é exposto. Ainda que a película também tenha uma latitude cromática e sensitiva limitada, esta ainda é maior que num sensor CMOS.

Contudo, e graças ao aparecimento do fenómeno "digitalização" e do formato RAW, em qualquer um dos sistemas existe a grandiosa possibilidade de edição das imagens em softwares como o Photoshop, que permitem uma quase interminável exploração e manipulação da imagem captada.

 

Antes de disparar - Ajustes

Antes de pressionar o disparador realizam-se vários ajustes na câmara, pois a forma como esta é programada é o principal factor no resultado de uma fotografia. Processos como velocidade de obturação, tipo de medição, abertura de diafragma, balanço de brancos, são fundamentais para o sucesso de uma fotografia e podem ser estabelecidos quer manual quer automaticamente.

 

Modo de medição - Avaliativa, Parcial, ponderada e spot... - Fotómetro

Se é verdade que fotografar é sensibilizar determinado material pela incidência de luz, também é verdade que o fotógrafo tem a possibilidade de seleccionar que luz, ou sombra quer que seja realçada ou atenuada.

As câmaras têm incorporado um dispositivo denominado fotómetro que cada vez é mais algo integrado na câmara e menos um acessório individual. Nas primeiras versões (ainda nas câmaras de película) que incorporavam fotómetro, este limitava-se a apresentar um valor correspondente à quantidade de luz à entrada do obturador, hoje em dia o fotómetro, mecanismo utilizado para medir a luz que entra através da lente, permite à câmara efectuar automaticamente, ou facilmente ao fotógrafo, os ajustes para uma correcta exposição.

O fotómetro fornece leituras dependendo do modo de medição a que está associado, e também aqui cada marca atribuí uma designação a cada modo, assim irei utilizar designações indicativas.

Medição Avaliativa - é feita uma média entre o ponto mais luminoso e o mais escuro de TODA a imagem enquadrada;

Medição Parcial - a medição é feita relativamente a uma percentagem (aprox. 10%) em torno do centro da imagem;

Medição Ponderada - a medição é feita em toda a imagem dando relevo à leitura obtida no centro do enquadramento

Medição Spot - a medição é feita com precisão ao centro mas em determinados modelos pode ser associada a um dos pontos AF;

 

Sugestão para utilizar os modos de medição

Medição Avaliativa - para a maioria das situações é talvez o modo mais utilizado uma vez que permite um resultado equilibrado na iluminação de uma fotografia;

Medição Parcial - Numa situação em que o assunto a fotografar encontra-se em condições de luz muito distintas da restante composição, por exemplo, dentro de casa frente a uma janela com luz;

Medição Ponderada - deriva da união da medição avaliativa e da parcial e tem uma utilização semelhante à avaliativa;

Medição Spot - Quando se pretende por exemplo provocar efeito silhueta em que o fundo é mais luminoso que o objecto. Medição feita em spot no fundo, torna o objecto escuro (silhueta), medição feita Spot no objecto mais escuro que o fundo, torna o fundo ainda mais luminoso e provavelmente sobre-exposto.

 

 

Pontos AF/AE

É possível em alguns modelos, seleccionar um ponto de focagem e de medição sem que este represente o centro do enquadramento.

A estes pontos que podem variar de 1 (centro) a 24 (ou mais, dependendo dos modelos) chamam-se pontos AF/AE (Auto-Focus/Auto-Exposure) e estão assinalados no viewfinder da câmara.

 

Velocidade de obturação

O obturador, também conhecido por cortina é o último mecanismo antes do sensor, e comporta-se como a cortina numa peça de teatro, onde o palco é o objecto a fotografar e o público o sensor CMOS. Mais uma analogia!

Na prática o obturador é literalmente uma cortina (com várias formas, dependendo da marca) que abre e fecha a uma determinada velocidade de forma a expor o sensor à entrada de luz tanto tempo quanto o estabelecido pelo fotógrafo ou pela própria máquina.

A velocidade de obturação é medida em segundos ou avos de segundo, e na maioria das máquinas varia entre 30'' (segundos) e 1''/4000.

 

Balanço de brancos (WB) e Temperatura de côr (ºk)

Cor é a reflexão da luz a uma determinada frequência num determinado material que no ser humano é interpretada pelos Cones e bastonetes, duas das estruturas celulares mais importantes visão. Os cones são responsáveis pela percepção das cores, enquanto que os bastonetes gerem a quantidade de luz que recebem.

Na fotografia ainda com película, no vídeo, no cinema e agora na fotografia digital é necessário "ensinar" a câmara a interpretar as cores de acordo com o tipo de iluminação que as reflecte. A este procedimento chama-se balanço de brancos.

Sendo o branco a "cor" com o maior índice de luminosidade, o balanço de brancos é alcançado pelo reflexo de determinada luz sobre uma superfície branca. Por exemplo, a qualidade da luz exterior é diferente da qualidade da luz de uma lâmpada fluorescente, incandescente ou mesmo HMI e mesmo no exterior, a existência de nuvens ou determinada hora do dia condicionam a qualidade da luz.

Para além da potência, certamente já repararam que existem diferentes tipos de "branco", pois a oferta de lâmpadas para aquário é muito diversificada. A isso chama-se temperatura de cor e é medida em graus Kelvin - ºK.

As lâmapdas incandescentes tem uma temperatura de cor muito baixa aprox. 2700K (predominância amarela/laranja), as lâmpadas fluorescentes têm uma predominância verde, e as HMI (utilizadas em TV e cinema) com predominância azul, rodam os 6500ºK sendo a luz artificial mais próxima da luz solar. Uma temperatura de cor baixa = tonalidade avermelhada, temperatura de cor alta = tonalidade azulada. Quanto mais alta for a temperatura de cor, mais completo é o seu espectro, logo mais rica é a luz... melhor se processa a fotossíntese e melhor se desenvolvem as plantas do aquário!

Tomando com exemplo uma chama, a parte mais azul é a mais quente, sendo a parte vermelha/ amarela a menos quente... mas não tentem medir com os dedos porque queima na mesma!!

O que significa que a mesma superfície branca exposta a estes tipos de luz, terá sempre cores diferentes se a máquina não "souber" que tipo de luz está a iluminar o objecto. Em algum modelos de máquinas os valores ºK já vêm pré-definidos de acordo com as situações mais usuais não sendo possível definir um determinado valor fora desses padrões, mas nos modelos mais completos é possível definir um valor ºK específico num determinado espectro.

 

 

Premir o "gatilho"

O pequeno lapso de tempo em que a máquina utiliza as programações, velocidade de obturação, abertura do diafragma, balanço de brancos, etc para transformar um momento em algo que se repete intemporalmente sempre que olhamos para a fotografia. É a altura em que convém conhecer minimamente o comportamento da máquina pois, não há duas fotos iguais, e "you never get a second chance to make the first impression".. Há momentos que não se repetem. Tudo corre bem, ou menos bem, dependendo da forma como a câmara é programada recorrendo aos vários modos de exposição ou shooting modes.

 

Modos de exposição (Shooting modes)

A exposição fotográfica é o resultado directo de dois factores, a velocidade de obturação e a abertura do diaframa.

A velocidade de obturação permite registar numa imagem uma determinada porção de tempo, enquanto que a abertura do diafragma, não influenciando o tempo, influencia a quantidade de luz. Assim, é fácil perceber que ambos permitem regular a quantidade de luz, um pela duração da exposição, outro pelo diâmetro da abertura do canal que permite a passagem da luz.

 

Modo P (auto)

Provavelmente o modo mais utilizado por quem utiliza uma SLR pela primeira vez. Todas as câmaras têm este modo, normalmente colocado entre os modos pré-definidos (retrato, paisagem, noite, etc - dos quais não irei falar) e os modos semi-automáticos.

No modo automático a câmara analisa a imagem enquadrada e determina a velocidade de obturação, a abertura do diafragma, a necessidade de flash ou não e o balanço de brancos mais indicado, dando origem muitas vezes a agradáveis "retratos de família". Este modo é perfeito para quem não quer perder muito tempo com configurações, "Just Point and shot!".

 

Modo Tv (Prioridade à velocidade)

A prioridade à velocidade é um modo semi-automático que permite escolher uma velocidade de obturação (igual a tempo de exposição), sendo a abertura do diafragma definida pela câmara. Este modo é bastante interessante quando se pretende criar um efeito específico causado pela duração da exposição, imagens que parecem arrastadas (e o arrastado aqui não significa desfocado) ou imagens que parecem "congeladas".

Não existe duração máximo de exposição uma vez que o obturador pode permanecer aberto pelo período de tempo que o fotógrafo mantém o botão de disparo bloqueado, mas já a velocidade máxima de obturação (tempo mínimo de exposição) varia muito de modelo para modelo.

Exemplo prático deste modo:

Pretendo fotografar os peixes do meu aquário a uma velocidade de 1/320 (320 avos de segundo) para que fiquem bem definidos, com detalhe e não se sinta o movimento da água ou das plantas. Selecciono o modo Tv, escolho a velocidade pretendida, neste caso 320 e a máquina vai indicar-me de acordo com a objectiva que estou a utilizar, e as condições de iluminação, que abertura de diafragma é a mais indicada. Pode acontecer que por vezes a velocidade escolhida é demasiado alta (ou baixa) e a objectiva não tem abertura de diafragma suficiente (abertura máxima ou mínima) e neste caso o valor aparece a piscar, o que significa, nessecidade de alterar a velocidade seleccionada.

Por exemplo, se uma velocidade de obturação a 320 faz com que o valor de abertura 4.0 pisque, significa que a objectiva atingiu a abertura máxima não sendo ainda o suficiente para uma correcta exposição. Se continuar terei uma fotografia escura.

Se pelo contrário, com os mesmos 320 a máquina indica um valor f:22 a piscar, então tenho demasiada luz a entrar sem que o fecho máximo do diafragma consiga compensar. Se continuar terei uma fotografia sobre-exposta. Em ambos os casos teria que alterar a velocidade escolhida, reduzir no primeiro caso e aumentar no segundo.

 

Diferentes durações de Exposição

A velocidade de obturação é provavelmente a "ferramenta" mais engraçada de se utilizar, uma vez que ao controlar a duração da exposição, controlamos a porção de tempo registada numa fotografia.

Imagens onde uma queda de água parece "congelada", ou as luzes dos automóveis desenham linhas vermelhas e brancas pela estrada, são resultado de velocidades de obturação muito altas e muito baixas respectivamente. Numa exposição extremamente rápida (ex. 1/4000) a porção de tempo registada é de tal forma pequena (4000 avos de segundo) que a imagem parece extremamente "detalhada" e definida, enquanto que numa exposição mais demorada (ex. 10'') a imagem regista um "arrasto" provocado por toda a acção decorrente durante a abertura do obturador, neste exemplo, 10 segundos. Utilizar velocidades baixas (1/30 ou menos - ainda que dependa da estabilidade de cada um) implica a utilização de algo que evite o abanar da câmara durante a exposição, um tripé, um pilar, uma mesa...

Contudo há várias formas de fotografar em baixa exposição sem que se perca o efeito de arrasto e se torne o objecto de interesse também arrastado. Tomando o exemplo de uma pista de dança, onde as cores da iluminação local tornam mágico o ambiente, não existe porém luz suficiente para produzir uma imagem equilibrada. Ao fotografar algúem num local deste género, será certamente necessária a utilização de flash, mas é aqui que tudo pode correr menos bem.

O flash só por si vai iluminar o objecto de interesse, mas as cores provocadas pela iluminação da pista não serão tão vibrantes na imagem, porque a máquina estabelece uma exposição de acordo com a utilização do flash (Leitura E-TTL) que sendo correcta apra iluminar o motivo principal, normalmente atenua os efeitos no ambiente envolvente. Isto não significa que não é possível fotografar pessoas a dançar sem se registar também o ambiente colorido. Claro que é! e é aqui que se utiliza uma técnia que conjuga flash e velocidade de obturação!

Por norma ao ligar o flash a câmara estabelece uma sincronização (obturador e flash) de 1/60, o que para captar a côr de algumas iluminações envolventes, pode ser demasiado rápido. Uma forma fácil de contornar esta característica é, mantendo o flash ligado, reduzir a velocidade de obturação, compensando com a subida do diafragma para que a exposição tenha uma maior duração. Assim, tudo o que estiver em primeiro plano (e no raio de alcance do flash) ficará iluminado e nítido e tudo o que estiver fora do alcance do flash, em vez de escuro, manterá a iluminação ambiente e ficará com o efeito de arrasto característico das exposições longas.

A melhor forma de entender as técnicas é experimentá-las no vosso próprio equipamento, adaptando as medições e os valores a cada situação, assim será mais fácil perceber que ajustes fazer para obter determinado resultado.

 

 

Modo Av (Prioridade à abertura)

A prioridade à abertura é também um modo semi-automático.

Se na prioridade à velocidade era estabelecida a duração da exposição, neste modo é definida a abertura do diafragma deixando a máquina calcular a velocidade apropriada. O funciomamento é exactamente igual ao explicado para a prioridade à velocidade, sendo que neste caso é estabelecida uma abertura e a máquina irá indicar a velocidade para uma correcta exposição. Este modo é utilizado quando o que importa realçar são os motivos focados, recorrendo à profundidade de campo.

 

 

Formatos de gravação (Jpeg e RAW)

As primeiras câmaras digitais lançadas no mercado "doméstico" apenas permitiam gravar as fotografias em JPEG ou em formatos proprietários do fabricante, mas dada a aceitação do formato digital e as crescentes possibilidades criativas de edição da imagem digital, rapidamente foi disponibilizado também neste segmento de mercado o formato RAW. O RAW está para a fotografia digital, como a revelação está para o filme.

A grande diferença entre o formato RAW e o JPEG está no conteúdo "anexado" ao formato. Uma imagem em Jpeg contém metadada com informação de: hora, data, tipo de câmara, programações da câmara (velocidade, WB, diafragma), etc, referente à fotografia e representa a imagem tal e qual como foi fotografada. No formato RAW é gravada uma imagem com toda a informação no momento da fotografia sem que sejam aplicados de uma forma destrutiva os valores de WB, sensibilidade e exposição. Numa forma muito prática, é tirada uma imagem sem "maquilhagem"... continua

Editado por Bruno C

EOS 40D / 24-105 L

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

  • 2 semanas depois...

Boas,

 

Uma excelente explicação para quem está a começar em fotos com máquina SLR, aqui se pode aprender alguma coisa para os menos experientes.

Visite a nossa comunidade

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Obrigado pelos vossos comentários!

A ideia é mesmo essa, tentar passar informação sintetizada e objectiva e criar mais um espaço de troca de conhecimento, e apelo desde já a quem também leva a fotografia mais a sério, para deixar o seu contributo.

 

Tenho tido pouco tempo, mas prometo brevemente dar continuidade às explicações e entrar na máquina própriamente dita.

 

Bruno

EOS 40D / 24-105 L

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

olá Bruno

 

bom topico e excelente post ;)

 

so dei houje com ele e li com bastante atençao, o que aproveitei para tirar algumas duvidas que tinha.

muito esclarecedor e simples de ler sem grandes complicaçoes :|

 

bom trabalho, continua. :)

 

abraços.

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Obrigado pelos vossos comentários! São encorajadores para continuar!!

A minha disponibilidade tem andado muito limitada, mas sempre que posso tento actualizar o post e rever o que já escrevi, por isso é normal que alguns pontos estejam mais desenvolvidos que em versões anteriores do post.

Miguel, vou tentar ter todos os modos de exposição explicados até ao fim-de-semana, mas não prometo nada!

Entretanto alguma dúvida que possam ter, a malta responde.

 

Abraço

Editado por Bruno C

EOS 40D / 24-105 L

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Miguel, vou tentar ter todos os modos de exposição explicados até ao fim-de-semana, mas não prometo nada!

Entretanto alguma dúvida que possam ter, a malta responde.

 

Sem pressas Bruno.

É sempre de louvar iniciativas destas.

 

Abraço

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Gostei imenso da tua explicação - de fácil entendimento.

Continua q há de ajudar muitas pessoas como me ajudou a mim tb.

Abraço e boa sorte

 

 

Ricardo

ShrimpRoom 31 aquas de Invertebrados Discus comunitário 950lts

-------------------------------------------------------------------------------------------------------

De momento não poderei responder atempadamente a MPs, grato pela compreensão.

 

 

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Obrigado pelos vossos comentários! Mais uma vez, representam um incentivo, e já não falta muito para terminar!

Qualquer dúvida, perguntem!!

 

Boas imagens,

 

Abraço

 

Bruno

Editado por Bruno C

EOS 40D / 24-105 L

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

  • 3 semanas depois...
  • 3 semanas depois...

Estou prestes a concluir esta "mini formação" em câmaras SLR, resta-me terminar os Formatos JPEG e RAW.

Se houver alguma questão que queiram ver abordada, escrevam as vossas dúvidas e eu tento ajudar!

 

Agradeço os vossos comentários, foram importantes para a continuidade do texto e espero ter contribuido para o aumento de boas fotografias de aquários!

 

Um abraço, e boas fotos!

 

Bruno C.

EOS 40D / 24-105 L

Link to comment
Partilhar nas redes sociais

Viva

 

Optimo texto para iniciados.Parabens

 

Estou na mesma situação; fotografia OK já há alguns anos;Aquas é um retorno de muitos anos

 

Um abraço e bons cliks

Editado por azoto
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

  • 1 mês depois...

Tenho iniciado agora mais profundamente no mundo da fotografia, vou investir numa a sério, e iniciar a fundo, sempre gostei de fotografia mas nunca tiva tempo (leia-se €), para entrar a fundo no tema, mas agora com os estudos a terminar e com já algum trabalho posso iniciar-me aos poucos neste Mundo, por isso tópicos destes são simplesmente de louvar e grandes iniciativas por parte do autor, que quer e ajuda todos aqueles que necessitam...

 

 

Desde já o meu muito obrigado...

Posted Image
Link to comment
Partilhar nas redes sociais

  • 2 semanas depois...